Na quarta Super Quarta de 2025, ocorrida na última quarta-feira (18), os Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos novamente adotaram posturas distintas, embora em linha com o comportamento observado na reunião de maio quanto à condução da Política Monetária. A chamada Super Quarta refere-se ao dia em que, coincidentemente, são anunciadas as decisões sobre a taxa de juros em ambos os países. Essas definições são amplamente aguardadas pelos mercados financeiros, pois influenciam diretamente as expectativas econômicas, os fluxos de capitais e as estratégias de investimento globais.
Nos Estados Unidos, o Fed manteve a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%. A decisão, tomada por unanimidade, já era esperada pelo mercado, conforme indicava a ferramenta FedWatch da CME Group. Em comunicado, o Banco Central norte-americano destacou que os indicadores recentes sugerem que a atividade econômica expandiu a um ritmo sólido, apresentando menos incertezas do que nos meses anteriores. Contudo, ressaltou que o cenário futuro será mais desafiador diante da estimativa de inflação mais alta. No que se refere aos próximos movimentos, os membros permanecem com a previsão de dois cortes na taxa de juros em 2025. Já para 2026 e 2027, o colegiado estima apenas um corte de 0,25 ponto percentual em cada ano a fim de levar a inflação novamente à meta de 2%. Para a autoridade monetária, o cenário prospectivo revela um panorama de incipiente “estagflação”, reduzindo as expectativas para o crescimento econômico deste ano, para 1,4%, e elevando as estimativas de desemprego e inflação para 4,5% e 3,0%, respectivamente.
No Brasil, o Copom resolveu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano, marcando a sétima alta consecutiva e levando a taxa básica de juros ao maior patamar desde 2006. A decisão também foi unânime. Em sua avaliação acerca do cenário econômico, o Banco Central ressaltou que “o ambiente externo se mantém adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”. Em relação à conjuntura doméstica, o Copom avalia que o cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. No comunicado, o Comitê antecipou o fim do ciclo de alta da taxa Selic, caso o cenário esperado se consolide, afirmando que observará os impactos dos ajustes já realizados. Em suas projeções para a inflação, a autoridade monetária estima o IPCA em 4,9% ao fim de 2025.
O contraste entre as decisões do Fed e do Copom evidência a diferença nos desafios enfrentados pelas duas economias. Enquanto os Estados Unidos mantêm uma postura cautelosa, avaliando a resiliência do crescimento econômico e a trajetória da inflação, o Brasil precisa lidar com uma deterioração das expectativas inflacionárias e um cenário doméstico incerto, especialmente no que se refere ao quadro fiscal, o que exige uma política monetária mais rigorosa para garantir a estabilidade de preços.