ATA DO COPOM
Nesta terça-feira (09) foi divulgada a ata do Copom, documento que traz mais informações a respeito dos fundamentos que levaram a decisão do comitê, de manter a taxa Selic em 13,75%, na última reunião, realizada nos dias 02 e 03 de maio. No documento, a autoridade monetária atualizou a conjuntura econômica, enfatizando os impactos ainda incertos das falências de importantes bancos na Europa e nos Estados Unidos. Adicionalmente, foi destacado o papel de bancos centrais mundiais na condução de política monetária, em meio a um ambiente ainda resiliente para a convergência da inflação para a meta.
Com relação ao cenário nacional, o Comitê avaliou que a desinflação da economia brasileira tem perpassado dois estágios distintos. No primeiro deles, já finalizado, o processo de desinflação foi mais rápido e afetou diretamente os preços administrados. Em um segundo estágio, que é vivenciado agora, a desinflação se manifesta de forma mais lenta, respondendo às expectativas de inflação futura e movida pelo excesso de demanda, em particular do setor de serviços.
Diante desses cenários, quando avaliada a trajetória de inflação ao consumidor ao longo do ano, é possível identificar uma expectativa de queda relevante no indicador acumulado em doze meses no segundo trimestre, enquanto as expectativas para o segundo semestre são de alta, tendo em vista que as isenções tributárias impostas no ano passado, não comporão o indicador.
A fim de avaliar as implicações do atual cenário econômico à conjuntura interna, considerando a taxa de juros prevista no relatório Focus, uma taxa de câmbio em R$ 5,05, além das projeções de mercado sobre petróleo e implementação de bandeira tarifária verde em dezembro de 2023, as projeções para inflação são de 5,8% para 2023 e de 3,6% para 2024, enquanto as projeções quanto aos preços administrados são de 10,80% para 2023 e 5,20% para 2024. Já em um cenário alternativo com juros estáveis, as projeções de inflação são de 5,7% para 2023 e 2,9% para 2024.
No cenário externo, identificou-se um baixo grau de ociosidade no mercado de trabalho. Esse fator associado a uma inflação persistente e disseminada pelo setor de serviço, faz com que os bancos centrais se comprometam a manter uma política restritiva por um período mais prolongado, no intuito de trazer a inflação de volta para a meta. Vale destacar também que a instabilidade do setor bancário norte-americano trouxe um maior aperto das condições de crédito no país, o que deve impactar negativamente o crescimento de curto prazo.
Diante disso, é possível concluir que a deterioração marginal fez com que as expectativas de inflação permanecem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional. A entidade reitera estar acompanhando a situação e enfatiza, novamente, a resiliência das decisões para que haja uma recomposição das expectativas de convergência da inflação para a meta.
Tendo em vista a maior resiliência e menor desinflação no setor de serviços e dos núcleos de inflação em consonância à redução da probabilidade de ocorrência de cenários extremos na trajetória da dívida pública, o Comitê decidiu pela manutenção da taxa de juros no patamar de 13,75% a.a. A decisão é compatível com a atual conjuntura e tende a contribuir para a convergência da inflação à meta no horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Além disso, a autoridade indicou que segue acompanhando os acontecimentos e não medirá esforços para fazer com que a inflação volte ao patamar considerado ideal.