O Banco Central do Brasil divulgou, nesta terça-feira (06), a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida nos dias 30 e 31 de julho. Na ocasião, o colegiado decidiu em unanimidade pela manutenção da taxa Selic em 10,50% a.a., repetindo a deliberação do encontro realizado em junho.
Na avaliação sobre a conjuntura econômica, o Comitê destacou a permanência do ambiente externo mais adverso, marcado pela incerteza elevada sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e os impactos sobre a inflação e a atividade econômica de diversos países. O Comitê ressaltou também a necessidade de maior cautela por parte das economias emergentes em função da menor sincronia dos ciclos de política monetária entre os países.
No cenário doméstico, o Copom avaliou que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm mostrado resiliência acima do esperado. “Com relação ao mercado de trabalho, ressaltou-se que o nível de ocupação, a taxa de desocupação e a renda vem sistematicamente surpreendendo. O Comitê novamente avaliou que essas surpresas recorrentes apontam para elevado dinamismo do mercado de trabalho, que se mostra apertado”, destacou a Ata. No que se refere à inflação, o Comitê concluiu que “o processo desinflacionário arrefeceu e que os níveis de inflação corrente acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, tornam a convergência da inflação à meta mais desafiadora.”
Em relação à política fiscal, o Comitê destacou que tem monitorado a maneira como o recente desenvolvimento da política fiscal tem impactado a política monetária e os ativos financeiros. O colegiado reafirmou que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.
Após as deliberações, o Copom, unanimemente, decidiu manter a taxa Selic em 10,50% a.a., salientando que essa decisão objetiva a suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego e que a política monetária deve se manter por tempo suficiente em um patamar que resulte não apenas no processo de desinflação, mas também na ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Não há clareza sobre as decisões das próximas reuniões, inclusive o Comitê “reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”. Em relação às expectativas do mercado, o mais recente Boletim Focus (02 de agosto) indica manutenção dos juros até o fechamento de 2024, apesar de haver projeção de elevação por alguns agentes de mercado.