Por Lucas Cabral e Jonathas Oliveira
Novos casos de contaminações pela variante Ômicron evoluem ao redor do mundo, mas números de hospitalizações e mortes continuam controlados. Ata do Fomc anuncia elevação de juros antes do esperado e integrantes começam a discutir redução do balanço do Federal Reserve. Discurso vai de acordo com os dados de inflação dos EUA e da zona do euro, que atingiram recorde em 2021. No Brasil, a inflação fecha o ano de 2021 em dois dígitos e curva de juros se aproxima dos 12% no curto prazo. Dados mais recentes apresentam desaceleração do nível de atividade econômica no país.
BRASIL
Os principais dados de atividade econômica decepcionaram o mercado. O IBC-Br, considerado a prévia do PIB medido pelo Bacen, contraiu 0,4% em outubro, resultado pior do que o estimado pelo mercado, de queda de 0,2%. Em novembro, os resultados foram mistos. A produção industrial reduziu 0,2% ante expectativa de alta de 0,1%, puxada pela queda de 3% em Bens de Capital, porém, o volume de serviços cresceu 2,4% frente à leve elevação de 0,2% que era projetada por economistas.
O IPCA de dezembro elevou-se em 0,73%, contra expectativa de 0,65%. O índice fechou 2021 com alta de 10,06%, muito acima do teto da meta de 5,25%. Os principais responsáveis pela alta foram os grupos de Transportes (21,03%) e Habitação (13,05%), que combinados respondem por, aproximadamente, 60% do resultado do IPCA em 2021.
Após o anúncio do reajuste salarial para policiais federais, alguns grupos de servidores federais exigiram que o presidente Bolsonaro concedesse o reajuste para suas respectivas categorias. Os servidores entraram em paralização em janeiro e ameaçaram entrar em greve no início de fevereiro, caso não haja correção salarial. Como forma de conter as manifestações, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, sugeriu que o reajuste prometido para policiais federais seja cancelado.
MUNDO
Investidores seguem monitorando novos estudos em relação à variante Ômicron. Até então, o que se conseguiu provar é que ela possui transmissibilidade mais elevada que a delta, porém, as hospitalizações e número de mortes não subiram em decorrência da infecção com a nova cepa. Ainda não se sabe se isso ocorreu por conta da vacina ou se essa variante é, de fato, menos letal. Contudo, a OMS ainda a classifica como sendo um vírus “mortal” e prevê a contaminação de mais de 50% dos europeus até março.
Nos Estados Unidos, a inflação fechou 2021 em 7%, maior patamar em quase quatro décadas. Corroborando com o aumento de preços, o mercado de trabalho deve pressionar ainda mais a demanda. O desemprego no país foi reduzido para 3,9%, menor nível durante a pandemia.
Devido às novas pressões advindas dos choques de oferta e o mercado de trabalho mais aquecido, os integrantes do Fed sinalizaram, na ata de dezembro do Fomc, que a elevação dos juros deve ser antecipada para conter a inflação, e que deve ser discutido a redução do balanço de títulos públicos e hipotecários. Após os comentários, o mercado enxerga como provável um primeiro aumento de juros já na reunião de março, com ainda duas ou três elevações nas reuniões seguintes.
Em relação ao continente europeu, a inflação superou a estimativa do mercado, que previa alta de 4,7% e bateu novo recorde histórico ao atingir 5% em dezembro na comparação anual. O maior responsável pelo resultado foi o setor de Energia, que avançou 26%.
Com o objetivo de evitar a desaceleração econômica do país, o governo chinês planeja diversas medidas de apoio ao setor privado, dentre elas: redução das restrições ao mercado imobiliário, através de política monetária mais flexível, e a emissão de títulos especiais locais para aumentar o nível de gastos do governo. O movimento vem após o Banco Mundial reduzir suas previsões para o crescimento chinês em 2022 de 5,4% para 5,1%.
CONCLUSÕES
A curva de juros (ver gráfico abaixo) segue precificando uma alta mais forte nos juros de curto prazo, já próximo dos 12%, a medida em que a inflação continua apresentando valores acima do esperado. Na ponta longa, já é possível observar uma redução das taxas, seguindo o entendimento de que, em 2023, a inflação convergirá ao centro da meta e o Copom reduzirá a Taxa Selic.
Fonte: Valor Pro
Os ativos brasileiros apresentaram boa performance no mês de dezembro, seguindo a recuperação parcial observada no mês anterior. Com exceção do IMA-B 5+, todos os índices de renda fixa fecharam o mês no campo positivo, após mais um movimento de fechamento da curva juros. Os maiores beneficiados foram os subíndices IRF-M e IRF-M 1+, visto que as taxas de juros dos títulos pré-fixados de média duração tiveram queda. Da família IMA-B, somente o IMA-B 5 apresentou evolução mais robusta, dado que a curva de juro real sofreu abertura nos vértices mais longos, o que prejudicou o desempenho do IMA-B e do IMA-B 5 +. Ademais, o Ibovespa rentabilizou positivamente. Contudo, a possibilidade de greve por parte dos servidores federais compensou parcialmente os ganhos obtidos pelo índice.
O Global BDRx, índice com maior destaque em 2021, ficou no campo positivo com a valorização do S&P 500, sendo parcialmente compensada pela desvalorização do dólar frente ao real.
Fonte: Quantum Axis
Para o cenário nacional, fizemos uma pequena alteração em relação aos fatores de risco comentados no panorama passado, onde o tapering em si não é mais o principal destaque quando tratamos de choques externos, e sim a possibilidade de elevação de juros de maneira antecipada pelo Fed. A inflação ainda acima da meta, a possibilidade de eventual agenda fiscal expansionista por parte do Governo Federal e as eleições de 2022, devem trazer intensos movimentos de mercado.
Para o cenário internacional, a elevação da taxa de juros americana e a redução do balanço do Federal Reserve serão assuntos principais no radar dos investidores, dado que o aumento na curva de juros americana eleva o grau de aversão ao risco global, o que ocasiona a migração de capital de mercados emergentes para títulos da dívida americana. Portanto, reiteramos que os fundos BDR são uma das principais estratégias para diminuir a volatilidade geral da carteira, devido à relação inversa entre ativos de risco no Brasil e o dólar.
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