Guia de Fuga das Armadilhas Bancárias

Por Gustavo Leite.

Nossa jornada rumo à tranquilidade financeira continua! Demos os primeiros passos, conferimos dicas, ressaltamos a importância da organização das receitas e despesas e até iniciamos nossa caminhada nos investimentos. Se você não leu todos os artigos dessa travessia até aqui, recomendo lê-los.  

Pensando em continuar rumo aos produtos de investimentos mais arriscados, ansioso para falar dos investimentos “da moda”, de bitcoin, de ações, percebi que há um ponto importante, recorrente e que concorre com a tranquilidade financeira: as armadilhas bancárias. Portanto, neste texto falaremos quais são a arapucas e como evitá-las. Falaremos até do que não é armadilha, mas que pode não ser a melhor opção para você e seu dinheiro.  

Historicamente, vivemos sob a “guarda” de meia dúzia de bancos. É sabido que quando não há concorrência a qualidade dos serviços e quantidade de opções de produtos ficam prejudicadas. Portanto, acostumamo-nos a um número reduzido de alternativas de investimentos via atendimento bancário. A questão é que essa realidade mudou e hoje há dezenas de instituições financeiras acessíveis. As opções de investimentos acompanharam essa crescente e hoje existem aos montes à distância de alguns cliques. Sabe o que não acompanhou essa revolução? Nosso costume de acreditar cegamente nos produtos e investimentos bancários 

Para ser justo, é verdade que a quantidade de pessoas investindo na bolsa aumentou vertiginosamente e os fundos de investimentos voltados ao varejo captaram muito recurso de pequenos investidores, por exemplo, mas os grandes bancos ainda ganham muito dinheiro de clientes e investidores que não acordaram para a nova realidade do mercado brasileiro.  

Por isso, antes de avançarmos para os investimentos mais complexos, vamos fazer esse pit-stop para sabermos como fugir dessas armadilhas, e vejamos quais são:  

  • Título de Capitalização: este deve ser o queridinho dos bancos (e isso já diz muito sobre ele), pois você se compromete a fazer aportes mensais por um longo período, não é remunerado por ele, ou recebe um retorno irrisório, sob o argumento de “poupança forçada” e “chances de concorrer a prêmios incríveis”. Bom, isso não deveria ser chamado de “capitalização”, mas “bingo” ou “cofrinho”. Nós já vimos que devemos buscar investimentos que rendam (capitalizem), no mínimo, a variação da inflação. Agora, pense em nossa inflação na casa dos 9%a.a. e seu dinheiro rendendo nada nessa reserva. Depois de um ano, seu dinheiro permanecerá guardado, mas valerá 9% menos. Isso parece um bom negócio? Portanto, prefira realizar investimentos seguros que gerem retorno real (nós já falamos sobre isso). 

 

  • Investimentos com baixos retornos e altas taxas de administração: LCI e LCA são oferecidas costumeiramente com o argumento de serem seguras e isentas de imposto de renda. Até que são dois argumentos bons, mas podem apresentar carência de muitos meses e retorno de 80% do CDI. Observe se, por exemplo, algum título público do qual nos falamos no texto passado não pode remunerar melhor e oferecer maior liquidez. Além destas duas opções, podem ser oferecidos fundos de investimentos muito seguros e com liquidez diária, mas com altas taxas de administração. Por isso, não faça qualquer investimento antes de comparar as opções de mesmo perfil em instituições financeiras diferentes. 

 

  • Cheque especial: esse é o “Darth Vader”, ou grande vilão, da tranquilidade financeira e nós já falamos sobre ele nos nossos artigos. Seu apelo é a facilidade em tomar crédito. Ali, no caixa eletrônico, você consegue sacar um recurso que não tem. O problema é que seu preço é muito alto e quanto maior for a demora para pagar essa dívida, mais a sua tranquilidade financeira será consumida. Pelo bem da sua saúde, evite tomar qualquer empréstimo fácil e se precisar de crédito, compare as taxas cobradas nas diferentes modalidades as quais você tem acesso. 

 

  • Seguros e tarifas desconhecidas: se você é cliente de um grande banco, a chance de ter contratado algum seguro, de pagar mensalmente alguma tarifa sem saber sua finalidade ou de simplesmente ver algum desconto recorrente sem saber de onde surgiu é grande. Não significa que seja errado contratar seguro ou pagar por um benefício que a empresa ofereça, mas é importante que cada saída de dinheiro do seu bolso seja justificada. Portanto, analise seu extrato bancário e fatura de cartão, observe se tudo o que foi pago é consciente e cancele o que você não conseguir justificar em poucas palavras.  

Bom, armadilhas à tranquilidade financeira existem aos montes e nos acompanham ao longo de toda a vida, em todo lugar. Ter consciência de toda riqueza que você transfere à outra parte é a única forma de não se deixar capturar. Isso não significa não gastar, mas significa não desperdiçar seus recursos conquistados à base de tempo, esforço e risco.  

Com esse texto não esperamos condenar os bancos, pois estas empresas prestam um serviço valioso ao Sistema Financeiro Nacional. Sem eles, nossa vida seria mais difícil. O objetivo é avançar em nossa jornada sem atrasos causados por desatenções e estou certo de que pôr essas dicas em prática podem evitar transferências de recursos do seu bolso para os dos banqueiros.  

Assim, a gente dá mais um passo em nossa caminhada em busca de qualidade de vida. Qualidade conquistada com tudo o que falamos e o que vamos falar sobre cuidado com dinheiro, mas também com atitudes para buscar uma vida harmoniosa com o meio que nos cerca. Portanto, recicle, reduza, reutilize e não caia nas armadilhas bancárias.  

 

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