Boletim Econômico – 19.09.2025

INTERNACIONAL

Fed reduz taxa de juros em 0,25 p.p. – O Federal Reserve decidiu, nesta quarta-feira (17), cortar a taxa básica em 0,25 ponto percentual, no primeiro movimento de flexibilização monetária em nove meses. A decisão, aprovada pela maioria do Comitê, refletiu sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho, ainda que as projeções de inflação para 2025 permaneçam acima da meta de 2%. O diretor Stephen Miran votou por um corte mais agressivo, de 0,50 p.p.. Em coletiva, o presidente Jerome Powell afirmou que os riscos inflacionários ainda são elevados, mas que a desaceleração do emprego justifica o início de um ciclo de cortes, com possibilidade de novos ajustes até o fim do ano.

Eurogrupo avança em enquadramento para o euro digital – Os ministros das Finanças da zona do euro conseguiram nesta sexta-feira (19), em Copenhague, um acordo político sobre o procedimento para definir limites máximos de detenção do euro digital (“holding limits”), embora os valores específicos ainda não tenham sido fixados. Segundo Valdis Dombrovskis, haverá participação do Conselho de Ministros antes de qualquer decisão final do BCE sobre emissão e limites. Paschal Donohoe afirmou que esse procedimento dará voz aos ministros em decisões-chave. Christine Lagarde ressaltou que a moeda digital também simboliza uma afirmação de soberania europeia. O restante do arcabouço regulatório deve ser aprofundado com a presidência dinamarquesa até o fim de 2025.

China registra desemprego jovem de 18,9% em agosto – O Departamento Nacional de Estatísticas informou nesta quarta-feira (17) que a taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos (excluindo estudantes) alcançou 18,9% em agosto, o nível mais alto desde que a divulgação foi retomada sob nova metodologia em dezembro de 2023. A série havia sido suspensa em junho de 2023, quando marcava 21,3%, em meio a críticas sobre a transparência dos dados. Com a exclusão de estudantes, o governo busca retratar um quadro mais “realista” do mercado de trabalho jovem. Ainda assim, o dado reforça sinais de fragilidade da economia chinesa, marcada pela desaceleração da atividade e pelas dificuldades enfrentadas por novos entrantes no mercado de trabalho.

Trump e Xi avançam em negociação sobre o TikTok – Nesta sexta‑feira (19), os presidentes Donald Trump e Xi Jinping retomaram contato para negociar um acordo que pode permitir que o TikTok continue operando nos Estados Unidos. O acordo preliminar considera transferir os ativos dos EUA para um grupo de investidores americanos, com participação majoritária nos negócios no país, reduzindo a participação da ByteDance para menos de 20%. Investidores mencionados em reportagens incluem empresas como Oracle e fundos de private equity, embora nenhum nome esteja oficialmente confirmado. As discussões também envolvem exigências de supervisão sobre algoritmo e proteção de dados de usuários. Esse tema integra tensões comerciais mais amplas entre Washington e Pequim, que envolvem tarifas e restrições de exportação em setores como semicondutores, inclusive para a Nvidia, cujas vendas de chips avançados para a China já enfrentam controles rígidos. O resultado poderá sinalizar mudanças nas regras para big techs e no balanço da competição tecnos‑estratégica entre os dois países.

Mercosul firma acordo de livre comércio com EFTA – Nesta terça-feira (16), Mercosul e EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) assinaram, no Rio de Janeiro, um Acordo de Livre Comércio entre os dois blocos. O novo tratado elimina tarifas industriais e pesqueiras, beneficiando praticamente todas as exportações brasileiras ao bloco europeu, e abrange setores como carnes bovina, aves e suína, milho, farelo de soja, frutas (banana, melão, uva), café torrado, sucos, etanol, mel e fumo não manufaturado. Estudos oficiais estimam que, até 2044, o acordo possa adicionar R$ 2,69 bilhões ao PIB brasileiro, atrair R$ 660 milhões em novos investimentos e elevar em R$ 3,34 bilhões as exportações. Embora o efeito imediato sobre o comércio bilateral seja modesto, o ALC sinaliza uma abertura relevante e pode fortalecer o Mercosul em negociações mais amplas, como com a União Europeia.

NACIONAL

Copom mantém Selic em 15% ao ano – O Comitê de Política Monetária decidiu de forma unânime nesta quarta‑feira (17) manter a taxa básica de juros (Selic) em 15,00% ao ano, o patamar mais alto desde julho de 2006. No comunicado, o Banco Central afirmou que, embora haja sinais de moderação na atividade econômica, o mercado de trabalho segue aquecido e a inflação permanece acima da meta. O órgão também citou incerteza externa, especialmente em razão da conjuntura da política econômica dos Estados Unidos, como fator que exige uma postura cautelosa. As expectativas de inflação para 2025 e 2026 continuam elevadas, segundo a pesquisa Focus, mantendo a vigilância sobre os passos futuros da política monetária.

IBC-Br recua 0,5% em julho – O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (15) que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado prévia do PIB, caiu 0,5% em julho frente a junho, já descontados os efeitos sazonais. Foi o terceiro mês consecutivo de retração do indicador. Na comparação anual, houve alta de 1,1%, mas os resultados reforçam a expectativa de desaceleração da economia em 2025, diante do impacto da Selic em 15% ao ano sobre crédito, consumo e investimentos. Segundo projeções de mercado, o PIB deve crescer 2,16% neste ano, após expansão de 3,4% em 2024.

Desemprego recua a 5,6%, menor nível da série histórica – O IBGE divulgou nesta terça-feira (16) que a taxa de desocupação no Brasil ficou em 5,6% no trimestre encerrado em julho de 2025, o menor nível da série histórica iniciada em 2012. A população ocupada atingiu 102,4 milhões de pessoas, novo recorde, enquanto o rendimento médio real habitual chegou a R$ 3.484, também em nível histórico. A taxa composta de subutilização caiu para 14,1%, refletindo melhora no aproveitamento da força de trabalho. Apesar dos resultados positivos, o aquecimento do mercado de trabalho e a expansão da renda mantêm o alerta sobre pressões inflacionárias, o que pode adiar eventuais cortes na Selic.

Autonomia do BC não é forma de blindar diretores, diz Galípolo – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (18) que a autonomia da instituição não deve ser entendida como um mecanismo de blindagem de seus diretores. Segundo ele, trata-se de uma proteção institucional “para que os diretores se sintam à vontade para tomar as decisões que são melhores para o país”. Galípolo destacou que a independência do BC garante condições para que a política monetária seja conduzida de forma técnica, sem influência de cálculos políticos, reforçando a credibilidade da instituição.

Fluxo cambial tem saída líquida de US$ 163 milhões – O Banco Central informou nesta quarta-feira (17) que o fluxo cambial registrou saída líquida de US$ 163 milhões na semana passada. Pela conta comercial, houve saída de US$ 460 milhões, enquanto a conta financeira apresentou entrada de US$ 297 milhões. Apesar do resultado negativo no período, o saldo acumulado em 2025 continua positivo, refletindo tanto o desempenho da balança comercial quanto movimentos de capitais.

Data Referência (12/09/2025 até 18/09/2025)

CDI: 0,17%

Dólar: -1,24%

Ibovespa: 2,33%

IDkA IPCA 2 Anos: 0,05%

IMA Geral ex-C: 0,37%

IMA-B: 0,67%

IMA-B 5: 0,29%

IMA-B 5+: 0,98%

IRF-M: 0,50%

IRF-M 1: 0,18%

IRF-M 1+: 0,67%

S&P 500 (Moeda Original): 0,24%

IPCA+5,62%: 0,15%