Boletim Econômico – 14.08.2025

Inflação ao produtor e ao consumidor sobe em julho nos EUA – O Índice de Preços ao Produtor (PPI) para demanda final avançou 0,9% em julho, após estabilidade em junho, e superou a expectativa de 0,2%. Na comparação em 12 meses, o índice subiu 3,3%, acima da projeção de 2,5%. O resultado sugere que as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos podem estar elevando os custos no atacado, com risco de repasse aos preços ao consumidor. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI), por sua vez, subiu 0,2% no mês, conforme o consenso de mercado, e teve variação de 2,7% em 12 meses, ligeiramente abaixo da expectativa de 2,8%. O núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, avançou 0,3% em julho e 3,1% em 12 meses. O descompasso entre os índices de atacado e varejo mantém a atenção sobre potenciais pressões inflacionárias e pode influenciar as próximas decisões do Federal Reserve. 

Governo norte-americano anuncia incentivos à produção doméstica – O Departamento de Energia dos EUA propôs um pacote de quase US$ 1 bilhão em financiamentos para acelerar o desenvolvimento e a produção doméstica de minerais e materiais críticos, insumos estratégicos para setores como baterias de veículos elétricos, semicondutores e equipamentos de energia. A medida visa reduzir a dependência de fornecedores externos, sobretudo da China, que detém participação relevante nessas cadeias de suprimento. 

Trump amplia críticas ao Fed e pressiona por corte de juros – Na terça-feira (12), o presidente Donald Trump afirmou considerar o avanço de um “grande processo” contra Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, acusando-o de má gestão na reforma da sede do banco central. Segundo Trump, o projeto já teria custado cerca de US$ 3 bilhões, muito acima do valor que considera adequado (US$ 50 milhões), embora o orçamento oficial esteja estimado em US$ 2,5 bilhões. Na mesma declaração, feita na rede Truth Social, Trump reiterou seu apelo por um corte imediato das taxas de juros, alegando que Powell teria causado “estragos incalculáveis” à economia ao agir de forma tardia no ciclo monetário. 

PIB da Zona do Euro confirma leve alta no 2º trimestre – Dados revisados da Eurostat mostraram que o Produto Interno Bruto da zona do euro cresceu 0,1% no segundo trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior e 1,4% na comparação anual, em linha com as estimativas preliminares e as projeções de mercado. O desempenho indica atividade econômica tímida, sustentada por setores pontuais, mas ainda limitada por juros elevados e demanda interna contida. 

Produção industrial da Zona do Euro recua em junho – Em junho, a produção industrial na zona do euro caiu 1,3 % em relação a maio, resultado mais fraco do que a expectativa de queda de 0,9% e acompanhando a revisão de maio para alta de 1,1 % (ante 1,7 % anteriormente estimado). No comparativo em 12 meses, a produção cresceu apenas 0,2 %, abaixo da projeção de analistas de 1,8 %. O desempenho fraco em junho confirma a perda de fôlego do setor, em um ambiente de demanda interna contida e condições financeiras restritivas 

China suspende temporariamente tarifas adicionais sobre produtos dos EUA – Em resposta à prorrogação da trégua comercial por parte da administração Trump, o Ministério do Comércio da China anunciou em 12 de agosto que suspenderá por 90 dias as tarifas adicionais sobre importações nortes‑americanas. Durante esse período, manterá tarifa adicional de 10 %, mas atuará para reduzir barreiras não tarifárias à entrada de produtos dos EUA. A trégua, que venceria em 12 de agosto, foi originalmente acordada em maio e tem sido acompanhada por retomada parcial da cooperação comercial, apesar das tensões e acusações de descumprimento anterior do acordo 

Novos empréstimos na China registram primeira queda em 20 anos – Os bancos chineses sofreram contração de 50 bilhões de yuans (cerca de US$ 7 bilhões) a menos em novos empréstimos em julho, marcando a primeira queda mensal em aproximadamente duas décadas. O resultado surpreendeu o mercado, que esperava expansão de 270 bilhões de yuans, e contrasta fortemente com os 2,24 trilhões de yuans concedidos em junho. O financiamento social total também caiu, passando de 4,2 trilhões para 1,16 trilhão de yuans, sinalizando fraca demanda mesmo diante dos estímulos para consumo. 

NACIONAL 

IPCA de julho tem menor alta para o mês desde 2023 – A inflação medida pelo IPCA subiu 0,26% em julho, resultado inferior ao observado no mesmo mês de 2024 (+0,38%) e o menor para o período desde 2023 (+0,12%). Em 12 meses, o índice acumulado recuou de 5,35% para 5,23%, mantendo a trajetória de desaceleração. Entre os grupos de maior peso, os destaques de alta foram Habitação (+0,91%), Despesas Pessoais (+0,76%) e Transportes (+0,35%). No campo negativo, as maiores quedas vieram de Vestuário (-0,54%), Alimentação e Bebidas (-0,27%) e Comunicação (-0,09%). Segundo o IBGE, a deflação em alimentos refletiu maior oferta e safras favoráveis, com recuos expressivos em itens como batata-inglesa, cebola e arroz. 

Setor de serviços cresce em junho e renova recorde histórico – O volume de serviços avançou 0,3% em junho ante maio, superando a expectativa de queda de 0,1%. Em relação a junho de 2024, a alta foi de 2,8%, acima da projeção de 2,0%. O desempenho mensal foi sustentado exclusivamente pelo setor de transportes (+1,5%), com destaque para transporte de cargas e transporte aéreo de passageiros, beneficiado pela redução das passagens nos últimos três meses. Os demais segmentos registraram queda, com recuos mais expressivos em outros serviços (-1,3%) e em serviços prestados às famílias (-1,4%). Desde fevereiro, o setor acumula alta de 2,0%, renovando o recorde histórico alcançado em outubro de 2024. 

Relatório Focus ajusta projeções para inflação, PIB e déficit – A projeção para o IPCA de 2025 recuou de 5,07% para 5,05%, mantendo a trajetória de acomodação frente aos 5,17% projetados há quatro semanas. Para 2026, a mediana permaneceu estável. A estimativa para o PIB de 2025 caiu de 2,23% para 2,21%, refletindo ligeira cautela nas expectativas, apesar do bom desempenho recente do setor de serviços e da desaceleração inflacionária. No campo fiscal, o Focus projeta déficit primário de 0,53% do PIB em 2025 (ante 0,55% na semana anterior) e déficit nominal de 8,40% (de 8,50% antes), sinalizando melhora marginal na percepção das contas públicas. A dívida líquida do setor público segue estimada em 65,80% do PIB para este ano. 

Galípolo vê menor eficácia estrutural da política monetária – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que os canais de transmissão da política monetária no Brasil são historicamente menos eficazes que em outras economias, caracterizando o fenômeno como estrutural. Segundo ele, reformas são necessárias para melhorar a conexão entre a taxa básica de juros e as condições de crédito, consumo e investimento. Galípolo destacou que a atual pausa no ciclo de alta da Selic, mantida em 15% ao ano desde julho, tem como objetivo avaliar se o nível atual é suficiente para levar a inflação à meta, sem indicar prazo para eventuais cortes. 

Impasse diplomático e pacote contra tarifaço dos EUA – O governo brasileiro anunciou o pacote Brasil Soberano como resposta às tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. A medida inclui expansão de crédito para exportadores, reforço do Fundo Garantidor das Exportações e condições especiais para micro e pequenas empresas afetadas. Paralelamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que uma reunião com autoridades norte-americanas foi cancelada, sem nova data prevista, o que contrasta com o avanço de negociações mantidas por outros países impactados, como a Índia. 

Data Referência (08/08/2025 até 13/08/2025)

CDI: 0,22%

Dólar: 1,30%

Ibovespa: 0,12%

IDkA IPCA 2 Anos: 0,48%

IMA Geral ex-C: 0,28%

IMA-B: 0,30%

IMA-B 5: 0,43%

IMA-B 5+:  0,21%

IRF-M: 0,37%

IRF-M 1:  0,25%

IRF-M 1+:  0,44%

S&P 500 (Moeda Original): 2,00%

IPCA+5,62%:  0,06%