Boletim Econômico – 10.10.2025

INTERNACIONAL

BCE indica confiança na política atual e afasta cortes adicionais de jurosSegundo a ata de sua reunião de 10 e 11 de setembro, divulgada em 9 de outubro, o Banco Central Europeu considera que o nível atual de juros é suficientemente robusto para lidar com choques e preservar a estabilidade de preços na zona do euro. O documento reforça que a política monetária permanece adequadamente restritiva para conter pressões inflacionárias, sem necessidade de novos cortes no curto prazo. Diante disso, os mercados reduziram as apostas em novas reduções ainda em 2025, após sucessivos cortes ao longo do primeiro semestre. A instituição reiterou que futuras decisões dependerão da evolução dos indicadores de inflação e atividade, mantendo o tom de cautela na condução da política monetária.

Fed adota tom cauteloso e indica cortes graduais de juros nos EUA A ata da reunião de 16 e 17 de setembro do Federal Reserve, divulgada em 8 de outubro, mostrou que a maioria dos dirigentes apoia cortes adicionais de juros até o fim do ano. No entanto, parte do comitê expressou preocupação com o ritmo de convergência da inflação, que segue resistente em alguns segmentos, além de riscos crescentes no mercado de trabalho, que já apresenta sinais de moderação. Os dirigentes avaliaram que a política monetária se encontra em posição adequada para reagir a mudanças nas condições econômicas, reforçando o compromisso com uma abordagem dependente dos dados. O tom geral do documento sugere uma flexibilização gradual da política monetária nos próximos meses.

Varejo da zona do euro mostra leve recuperação em agostoSegundo dados do Eurostat, o volume de vendas no varejo ajustado sazonalmente na zona do euro subiu 0,1 % em agosto frente a julho, corrigindo parte da queda de 0,4 % em julho. Em base anual, o volume avançou 1,0 % em relação a agosto de 2024. O resultado sinaliza alguma resiliência do consumo familiar em ambiente de juros elevados e crescimento moderado.

China amplia restrições às exportações de terras raras antes de encontro com os EUA A China anunciou novas regras para controlar as exportações de terras raras, insumos estratégicos para a indústria de tecnologia e defesa. As medidas exigem licenças adicionais para transações relacionadas a minerais, equipamentos de mineração e tecnologias de processamento, e estenderão aplicabilidade até a empresas estrangeiras que utilizem componentes chineses ou tecnologia ligada à China. Parte das restrições entra em vigor de imediato, enquanto outras passarão a valer em 1° de dezembro. O anúncio ocorre próximo à expectativa de reunião entre Xi Jinping e Donald Trump ainda este mês, e é interpretado como sinal de fortalecimento da posição chinesa nas negociações comerciais. As novas restrições acendem alertas sobre possíveis impactos nas cadeias globais de suprimento de materiais críticos.

FMI vê economia global mais resiliente, mas alerta para riscos persistentesA diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, afirmou que a economia global tem demonstrado resiliência superior ao esperado, impulsionada pelo desempenho dos EUA e pela adaptação dos mercados aos choques recentes. Apesar desse cenário relativamente favorável, o FMI advertiu que os riscos continuam elevados, incluindo a desaceleração na China, tensões comerciais, conflitos geopolíticos e vulnerabilidades financeiras. O fundo ressaltou que políticas fiscais responsáveis, reformas estruturais e fortalecimento institucional serão fundamentais para sustentar o crescimento nos próximos trimestres

NACIONAL

Brasil e EUA avançam em negociações após conversa entre Lula e Trump – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone na segunda-feira (6), em um diálogo de aproximadamente 30 minutos. Segundo comunicado oficial, foram discutidos temas da agenda bilateral, incluindo as tarifas aplicadas a produtos brasileiros. Lula manifestou interesse na retirada dessas tarifas e na revisão de medidas restritivas a autoridades nacionais. A imprensa internacional apontou que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, poderá ser designado para conduzir as tratativas com a delegação brasileira, composta por Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Mauro Vieira. Há expectativa de que um novo encontro entre os presidentes possa ocorrer à margem da Cúpula da ASEAN, prevista para o final de outubro na Malásia.

Superávit da balança comercial recua para US$ 2,99 bilhões em setembro – A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,99 bilhões em setembro de 2025, segundo dados recordes divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do MDIC. O valor representa uma queda de 41,1 % em relação ao mesmo mês de 2024. As exportações somaram US$ 30,5 bilhões (alta de 7,2 %), enquanto as importações totalizaram US$ 27,5 bilhões (avanço de 17,7 %). Parte da alta nas importações foi atribuída à compra de uma plataforma de petróleo avaliada em US$ 2,4 bilhões originária de Singapura. No acumulado de janeiro a setembro, o saldo comercial brasileiro é de US$ 45,5 bilhões, uma redução de 22,5 % ante o mesmo período do ano anterior.

IPCA sobe 0,48% em setembro, após queda em agosto – O IPCA avançou 0,48% em setembro, após recuo de 0,11% em agosto, segundo o IBGE. No ano, o índice acumula alta de 3,64% e, em 12 meses, de 5,17%. O principal impacto partiu do grupo Habitação (2,97%), puxado pelo aumento de 10,31% na energia elétrica residencial. Alimentação e bebidas recuaram 0,26%, com destaque para as quedas do tomate (-11,52%) e da cebola (-10,16%). Vestuário (0,63%) e Despesas pessoais (0,51%) também subiram, enquanto Transportes ficou praticamente estável (0,01%), refletindo alta nos combustíveis e queda nas passagens aéreas.

BC reforça postura cautelosa e indica juros elevados por mais tempo – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que a taxa Selic deve permanecer em nível restritivo por um período prolongado, com base em expectativas de inflação ainda acima da meta até 2028. Segundo ele, embora a dispersão dos preços esteja diminuindo, o ritmo de convergência para a meta é lento e exige cuidado. Galípolo reafirmou que o BC mira o centro da meta de 3 % e que a margem de tolerância existe para absorver choques temporários, não para promover deriva permanente. Ele avaliou que a economia brasileira ainda demonstra dinamismo, mas apontou a necessidade de ganhos de produtividade para sustentar crescimento sem alimentar pressões inflacionárias. Essas declarações reforçam o discurso adotado após o Copom manter a Selic em 15 % ao ano, indicando que a política monetária permanecerá em tom restritivo até sinais mais consistentes de convergência da inflação.

Data Referência (03/10/2025 até 09/10/2025)

CDI: 0,17%

Dólar: -0,13%

Ibovespa: -1,43%

IDkA IPCA 2 Anos: 0,21%

IMA Geral ex-C: 0,06%

IMA-B: -0,12%

IMA-B 5: 0,13%

IMA-B 5+: -0,32%

IRF-M: 0,08%

IRF-M 1: 0,17%

IRF-M 1+: 0,03%

S&P 500 (Moeda Original): 0,56%

IPCA+5,62%: 0,09%