Fed corta juros em 0,25 p.p., para faixa entre 3,75% e 4,00%, e mantém tom cauteloso
Conforme comunicado do Federal Reserve nesta quarta-feira (29), o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) decidiu reduzir a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, fixando a faixa dos Fed Funds entre 3,75% e 4,00% ao ano. Foi o segundo corte consecutivo de mesma magnitude em 2025 e reflete a percepção de que o mercado de trabalho norte-americano começa a dar sinais de arrefecimento, embora a inflação ainda permaneça acima da meta de 2%.
O comunicado destacou que os riscos negativos ao emprego se intensificaram nos últimos meses, enquanto a atividade econômica segue avançando em ritmo moderado. O Fed reforçou que o processo desinflacionário permanece incompleto, o que demanda prudência na calibragem da política monetária. O contexto da decisão foi singular. A paralisação parcial do governo federal interrompeu a divulgação de indicadores macroeconômicos importantes, como os relatórios de emprego e de produto interno bruto, o que obrigou o Comitê a deliberar em cenário de maior incerteza e disponibilidade limitada de dados.
A votação refletiu divergências entre os formuladores de política. O diretor Stephen Miran defendeu um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual, argumentando que a desaceleração da atividade exigiria estímulos adicionais. Em contraposição, o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, votou pela manutenção dos juros, enfatizando que a inflação ainda persiste em patamar elevado. O resultado indica uma postura de equilíbrio, na qual o Fed reconhece a necessidade de apoiar o crescimento, mas evita sinalizar que o ciclo de afrouxamento monetário está totalmente consolidado.
Paralelamente à decisão sobre os juros, o banco central anunciou que retomará compras limitadas de Treasuries diante de indícios de escassez de liquidez no mercado monetário. A partir de dezembro, o balanço patrimonial será mantido estável, com o reinvestimento dos rendimentos de títulos hipotecários vencidos em papéis do Tesouro americano, medida que busca preservar a fluidez das operações financeiras e conter disfunções de curto prazo.
O movimento reflete o desafio atual da política monetária norte-americana de promover um pouso suave da economia sem comprometer o controle inflacionário. A redução dos juros tende a pressionar os rendimentos dos títulos públicos e sustentar a valorização de ativos de maior risco, em um ambiente global ainda marcado por volatilidade e restrições de liquidez. Para os mercados emergentes, como o Brasil, a decisão pode impactar o fluxo de capitais e a dinâmica cambial, especialmente diante de um diferencial de juros ainda elevado.